O Núcleo do IPBeja promoveu, no dia 2 de maio, uma visita de estudo à cidade de Beja, em parceria com o Lab-At e com a Unidade Curricular (UC) de Antropologia Social e Cultural do Curso de 1º ciclo em Serviço Social.
A visita, subordinada aos temas Antropologia Rural, Antropologia Urbana e Diversidade e Identidade, teve como objetivo proporcionar às e aos estudantes uma visão da cidade de Beja sob a lente dos princípios da ED/ECG, não perdendo de vista os conteúdos curriculares da UC, mas antes articulando uns e outros.
A turma de 58 estudantes foi dividida em 8 grupos aos quais se forneceu um guião (diferente para cada grupo) e um mapa da cidade. Durante 2horas e 30 minutos os grupos foram chamados a observar e identificar as diferentes zonas em que a cidade se divide, com a inscrição no espaço, de várias tipologias de habitação, habitantes e relações de poder (expressas no edificado e na relação entre pessoas e organizações em funcionamento nos edifícios “de poder” e governança local e regional).
Constataram, igualmente, clivagens socioecónomicas (expressas pelo tipo de compras e locais de comércio frequentados pelas pessoas observadas, pelo tipo de vestuário e adornos ostentados pelos passantes, pela tipologia e condições das habitações,…) e a diversidade da população da cidade, que se apresenta relativamente flutuante, nos espaços centrais deste território, em função das horas e da sua relação, por exemplo, com os lugares de culto de diferentes confissões religiosas. Identificaram, também, elementos que lhes permitem estabelecer uma cartografia territorial inscrita nos corpos das pessoas identificadas, seja pelo vestuário e adornos enquanto marca identitária, seja pelos odores que emanavam dos alimentos consumidos e das casas próximas. Viram, inscritas no espaço, linguagens estéticas e construtivas e elementos arquitetónicos que remetiam para a maior ruralidade da cidade ou, pelo contrário, para um pendor sobretudo urbano e contemporâneo do espaço onde, de qualquer modo, foi possível cruzar passados e presentes de ocupação física e cultural, povos e mundivisões que remeteram as e os estudantes para sistemas ligados aos valores de honra e vergonha nas sociedades mediterrânicas, das práticas alimentares, da construção dos papéis de género e da patrimonialização dos saberes, dos espaços e dos territórios e, ainda, das relações de sociabilidade.
Mais tarde, em contexto de sala de aula, apresentaram as suas experiências e conclusões, num círculo de partilha moderado pela docente da UC, que fez a ligação ao documentário intitulado “Vozes da Diversidade – testemunhos de outras culturas”, igualmente comentado pela turma.