Realizou-se, no passado dia 26 de março, o webinar "Pelos Caminhos da Transformação: a participação de estudantes no Ensino Superior", que contou com a presença de estudantes, docentes, não docentes e pessoas técnicas superiores de Organizações da Sociedade Civil (OSC) e de Instituições de Ensino Superior (IES), nomeadamente Escolas Superiores de Educação (ESE). Tivemos connosco cerca de 86 participantes, durante duas horas, num encontro muito rico em partilhas, e aprendizagens e discussões de desafios no âmbito da promoção da participação de estudantes. Neste webinar pretendeu-se, a partir da experiência dos Núcleos de Aprendizagem em ED/ECG do projeto, refletir sobre processos de participação de estudantes com potencial de transformação e partilhar aprendizagens, questionamentos e práticas sobre a sua participação.
Após um breve enquadramento histórico e contextual do projeto, dinamizado pela Fundação Gonçalo da Silveira (FGS), juntámos à conversa cinco pessoas, a falar sobre a sua experiência pessoal e coletiva de participação no contexto deste projeto: Alexandra Nunes (ESE Santarém), Amanda Franco (ESE-IPVC), André Brasil (ESE Bragança), Bruno Preces (ESE Santarém) e Lisa Ferro (IPBeja). Numa conversa que foi, naturalmente fluindo, tocaram-se pontos fundamentais como: o que significa participar no quadro deste projeto; como é que ele tem contribuído para promover a participação de estudantes; o que motiva e constrange essa participação; e em que é que este tipo de participação é distinta e transformadora do ponto de vista pessoal, coletivo e institucional. Houve, ainda, tempo para se partilharem práticas que têm sido desenvolvidas nas instituições a este nível.
O diálogo foi moderado pelo doutorando, docente e investigador André Brasil, da ESE de Bragança, que ressaltou a importância da horizontalidade das relações no ambiente académico para o efetivo funcionamento desse ecossistema educativo. Falou-se ainda sobre a urgência da inclusão de toda a diversidade que compõe esse sistema como parte integrante deste espaço de aprendizagem.
Lisa, doutoranda e bolseira da FCT, acolhida pelo Lab_AT (Laboratório de Animação Territorial do IPBeja), refletiu acerca da necessidade de envolver estudantes do Ensino Superior nas atividades planeadas no âmbito das UC e Unidades Orgânicas; do sentimento de pertença e pensamento crítico; bem como dos caminhos que podem ser seguidos para efetivar a participação da comunidade educativa nas tomadas de decisão e capacitação científica e cidadã de estudantes.
Já Amanda, docente e técnica de projetos do GEED (Gabinete de Estudos para a Educação e Desenvolvimento), na ESE de Viana do Castelo, falou-nos da importância de trabalharmos em rede com as organizações/associações da comunidade local, assim como a importância de quem está na Direção acolher estas temáticas e estar comprometido/a com a criação de oportunidades formativas para a comunidade educativa e local.
Na mesa estavam, ainda, duas pessoas estudantes da ESE de Santarém: Bruno e Alexandra. Bruno, licenciado em Educação Social e mentor pedagógico, diz-se um “amante da vida”. Encontra-se a realizar o seu mestrado e trouxe-nos a sua perspetiva de estudante sobre a importância de todos e todas, que são parte de uma comunidade (socio)educativa, estarem e fazerem parte dos processos e projetos das escolas, acreditando que, só dessa forma, podemos ser modelo de (des)envolvimento e contribuir para desconstruir a cultura de não participação que, para além de estar presente nas instituições (de Ensino Superior), tem impacto no desenvolvimento de cidadãos e cidadãs reflexivos/as, ativos/as e participativos/as no mundo que nos rodeia e que, colaborativamente, podemos transformar.
Alexandra, mestranda em Educação Social e Intervenção Comunitária, integra uma bolsa de colaboração no IPSantarém, na Rede de Necessidades Educativas Específicas. Partilhou a importância de promover relações horizontais entre estudantes e docentes, questionando as hierarquias enraizadas no contexto do Ensino Básico e Secundário, que se alastram para o Ensino Superior. Sublinhou a necessidade de entender o porquê da não participação por parte dos estudantes, sobretudo no que diz respeito às atividades extracurriculares, defendendo a criação de espaços educativos inclusivos, equitativos e colaborativos, que estimulem o envolvimento crítico e ativo de toda a comunidade académica.
Entre a primeira e a segunda parte deste diálogo, e depois no seu final, houve ainda espaço de interação com quem assistia no sentido de enriquecer a conversa quer com questões do público, quer com partilhas das pessoas que nos escutavam. A docente Albertina Raposo, do IPBeja, fechou a sessão, fazendo uma síntese da mesa redonda e das intervenções e incentivando a continuidade da participação e o envolvimento das e dos estudantes do Ensino Superior. Entretanto, a equipa deste projeto está a finalizar a escrita de um e-book cujo foco é precisamente a participação de estudantes no contexto do Ensino Superior, baseada na experiência destes territórios. Será, brevemente, publicado e divulgado. Estejam atentas/os às próximas NewslETters!