Este primeiro dia do encontro teve como objetivos proporcionar momentos de interconhecimento entre as pessoas dos projetos Escolas Transformadoras e Sinergias ED, partilhando práticas, experiências e vivências pessoais e institucionais. Foi também uma jornada dedicada a questionar e aprofundar visões sobre Extensão Crítica e os diálogos existentes entre comunidades e academias.

A partir da partilha de uma memória de liberdade, desencadeou-se um momento de interconhecimento entre as pessoas dos dois projetos.

A cada uma delas foi entregue um cartão onde deveriam escrever ou desenhar uma memória de liberdade e, posteriormente, partilhá-la a pares e em pequenos grupos. Cada um dos cartões, agora unidos, formou um bonito "festão" da liberdade.

Uma conversa entre Fernanda Cándida, da ONGD Basca Emaús Fundación Social e Monique Leivas Vargas, da Universitat Politécnica de València, moderada por La Salete Coelho, da Comunidade Sinergias ED e do Núcleo de Aprendizagem ED/ECG da ESE-IPVC, onde se cruzaram as suas experiências profissionais e de ativismo e se partilharam possibilidades de aproximação entre a sociedade civil e a academia. Ao longo da conversa, partilharam-se exemplos de práticas e de reflexões em torno dessas práticas de extensão crítica desenvolvidas em Valência, no País Basco e na América do Sul, nomeadamente na Colômbia e no Brasil.


Este diálogo trouxe à tona a forma como a extensão é, ainda, unidirecional, partindo sobretudo da universidade, e não raras vezes assistencialista, mercantilista e extrativista. Entre os obstáculos que se lhe colocam, estão o facto do sistema educativo estar ainda montado num formato de de “educação bancária”, as muralhas que se construíram nesse mesmo sistema educativo, o tempo necessário à construção de relações de confiança entre a sociedade civil e a academia e o fraco trabalho colaborativo e interdisciplinar. Foram também partilhados caminhos alternativos de criação de processos de Extensão Crítica que sejam, simultaneamente, emancipadores, libertadores, dialógicos e horizontais. Elencam-se algumas ideias mais fortes sobre estes caminhos:


Convidamo-la a ver a gravação completa desta conversa para saber mais sobre o assunto e inspirar-se para as suas práticas.

Que visões temos sobre o que poderia ser o diálogo entre comunidade(s) de modo a construirmos processos de extensão crítica? Este foi o mote de reflexão para ambos os grupos – o do Escolas Transformadoras e o do Sinergias ED – que trabalharam em separado nesta parte do encontro. No caso específico do Escolas Transformadoras, procurou-se repensar as ligações concretas entre cada ESE/IP e a comunidade envolvente, e as intervenções nela/com ela realizadas.


As reflexões coletivas de cada grupo foram depois partilhadas num momento que juntou novamente os dois grupos, dando por concluído o formato conjunto do encontro. As pessoas que estão ligadas a ambos os projetos e as pessoas que estão ligadas à ESE de Coimbra despediram-se com promessas de voltar a haver novos momentos como este.

A partir das reflexões feitas durante o primeiro dia sobre extensão crítica, os Núcleos de Aprendizagem ED/ECG reuniram-se para iniciar os mapeamentos dos processos de extensão e relação com a comunidade em cada território, representando as relações tecidas entre as comunidades académicas e as comunidades que as envolvem. Este exercício de cartografar relações será importante para ilustrar o que pode compor uma extensão crítica, libertadora e emancipadora.


Antes do grupo “meter as mãos na massa”, e com a ajuda da Monique e da Fernanda, houve espaço para esclarecer dúvidas, clarificar conceitos, objetivos e estratégias e explorar alguns exemplos.

Os momentos de convívio informais são fundamentais na construção de relações e, por isso, neste Encontro, também houve espaço para descansar, conversar, passear e... cozinhar. 


Para fechar o dia, o grupo de participantes caminhou do alojamento até à Casa da Esquina onde se realizou um Arroz Colaborativo dinamizado pelo José João Rodrigues, companheiro da Comunidade Sinergias ED e dinamizador da Casa do Sal. Cada pessoa foi convidada a trazer uma unidade de um ingrediente que, para si, tivesse algum significado, alguma história, que pudesse remeter para colaboração ou de que, simplesmente, gostasse muito. O arroz foi sendo cozinhado em lume brando, muito lentamente, à medida que cada pessoa ia acrescentando um ingrediente e partilhando a sua história e por que razão o tinha trazido. Enquanto se cozinhava o arroz, iam-se partilhando histórias, cantando canções e escutando músicas de diferentes geografias. Várias analogias foram sendo feitas aos processos educativos, transformadores e colaborativos onde o processo se torna o produto, dando-lhe significado e “sabor”. Saboreou-se, assim, o Arroz Colaborativo, num momento de convívio acolhedor e informal. Para o final, ficaram as sobremesas, que chegaram de Valência e do País Basco.


Veja este pequeno vídeo representativo deste momento, com o feedback das alunas da ESE de Santarém.